domingo, 31 de outubro de 2010

Soneto das duplas ações

Para o Gabriel

Não penses duas vezes nos carinhos dela,
Não penses duas vezes em seu coração,
Em abraços partidos, desejos em vão,
Jamais hesita em recitar aquela

Poesia velha, inacabada, fútil,
Sobre o sofrimento que a vivência traz
E a saudade que um namoro não faz
Ao inquieto pensamento inútil!

Se um dia repetires algo de vez,
Que não seja pensar, refletir,
Ou sentir calafrios à flor da tez;

Vive, sente, chora e diz:
Antes senti e cantei duas vezes,
Mas jamais me permiti ser infeliz!

sábado, 30 de outubro de 2010

Entrelinhas I

"Qualquer coisa, me liga" simplesmente significa "me liga".

Sobre solidão

O problema de estar feliz na presença dos amigos é que o menor vestígio de sua ausência já é uma infelicidade imensa.

Sobre felicidade e tristeza

Ninguém é feliz sem um pouco de tristeza.

Sobre filosofar

Filósofos são, por definição, tristes: a reflexão sempre traz à tona verdades desagradáveis.

Sobre arte e vida

Não existe isso de "a arte imita a vida" ou "a vida imita a arte". Arte e vida coexistem em mutualismo obrigatório.

Ambiguidade amazonense

- Tu me amas?
- Amo mermo!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Quem sou eu?

Sou o que os bêbados costumam chamar de poesia:
Sou aquilo do que os loucos sofrem,
Loucura, insanidade, desvaria!
Os boêmios me chamam de tontura
E, de goles em goles,
Eu vou desaparecendo em sono.

Mas também sou o amor que brota e invade a pele
Sou a sensação de flor que nasce e cresce em ti
Sou o afago, o carinho, o aperto no fundo do peito
Aquele abraço diferente, bom, sem jeito

O sorriso das piadas sem graça? Também o sou.
E o barco navegando no rio Negro?
Sou a ida e sou a volta!

Quando fico e quando vou,
Independente das margens em que me encontro,
Quem eu sou?