domingo, 25 de dezembro de 2011

José de Alencar que me perdoe, mas...

A minha Iracema não tem lábios de mel:
Seus lábios são roxos,
Com o gosto do vinho tinto da noite passada.

Negros, como a asa da graúna?
Não, são apenas escuros
Como o rio que banha minha cidade.

O favo de jati?
Torna-se amargo
Quando minha Iracema sorri
[De tão mais doce que seu sorriso é]

E a corça selvagem?
Deixe-a ser rápida
Minha Iracema é calma
[Com a lentidão que me interessa]

Virgem?
Pobre Martim...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

E agora, José?

E agora, José?
A música parou,
O beijo acabou,
O portão fechou,
O avião decolou.
E agora, José?
E agora, eu?

Eu, que sentirei saudades;
Eu, que sou tão inseguro;
Eu, que comprei as passagens;
Eu, que não sei do futuro!
E agora, José?

Está sem mulher;
[Espero que não]
Está sem carinho;
[É verdade]
Está sem língua, ora pois.
E agora, José?
Cadê feijão? Cadê arroz?

E agora, José?
O avião pousou;
O portão se abriu;
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada;
A labuta começou.
E agora?

Agora é esperar.


Metalinguagem de medo e amor

- Se você diz que me ama - e eu acredito - não há por que ter medo.
- Mas o que é o amor senão o medo de perder o outro?

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Artigo 121

Se eu a encontrar, eu mato!
Intencionalmente,
Premeditadamente,
E com requintes de crueldade.

Ah, se eu a encontrar, eu juro que mato!
Não terei motivo torpe ou fútil...
Será a mais pura e violenta paixão:
Merecerei diminuição de pena?

Mas nem que esta seja perpétua,
Se eu a encontrar, eu mato!
E poderão me acusar de emboscada,
Ou seria a sedução outra coisa?

Não sei. Só tenho uma certeza:
Essa saudade que tanto me dói,
Se eu encontrar?
Eu mato!

Para quem conhece bossa nova

Chega de saudade!
E por falar em saudade, onde anda você?
Ainda que fôssemos futuros amantes,
Não quero ter que esperar.

Quero fazer samba e amor,
Tirar mil fotografias,
Admirar este seu olhar:
Olhar de morena... Dos olhos d'água.

Pela décima vez: jurei não mais amar!
E como poderia deixar?
Sendo amor, só tinha de ser com você,
Só tinha de ser pra valer...
Afinal, você e eu somos wonderful, marvelous.

Vamos deixar de lado toda a insensatez, ok?
Construir nosso caminho com açúcar, com afeto;
Tudo isso vai passar, a tristeza tem fim sim!
Eu sei que vou te amar.

Você é linda...
E eu volto:
Nem que seja no trem das onze!

Cadê coração, cadê?

Alguém viu meu coração?
Se o virem, não me contem;
Se o acharem, não me tragam,
Pois já bate no meu peito um outro coração.

Alguém viu meus sentimentos?
Não esses de agora; esses não são meus.
Alguém sabe dos meus sentimentos de outrora?
Se os virem, silenciem: não os quero agora.

Tudo que sinto não é mais meu,
É dela: alegria por ela, tristeza por ela.
Se for meu, é só medo de perdê-la.

Coração, sentimentos e afins:
Fiquem longe de mim!
Só quero o que for dela.


domingo, 2 de outubro de 2011

Outorga do saber

Uma das cenas mais bonitas universidade:
Quando o mestre, em ato solidário,
Empresta ou dá algum livro
Ao seu pupilo de tenra idade.

É a outorga do conhecimento,
É dizer "vai, estuda e aprende",
É uma concessão de saber
No ato de querer ensinar.

A simples entrega do calhamaço de folhas
É o reflexo do sorriso sutil
De quem quer só compartilhar.

E há algo mais nobre que isso?
Simplesmente saber e achar que não sabe,
Querendo que outrem saiba.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

E se eu for embora de repente?

Se eu for embora de repente...
Publiquem meus poemas,
Gravem discos com minhas músicas
E mini-séries com minhas histórias de amor.

Se eu for embora de repente,
Este não será um conjunto de versos mórbidos:
É só nota de rodapé, post-it, lembrete
Do que fazer se de repente eu for embora.

Se eu for embora tristemente,
A despedida pede bossa.
Se eu for embora alegremente,
A despedida pede samba.

E se minha despedida pedir tango?
Então foi engano:
Fugi com minha amante argentina.

domingo, 13 de março de 2011

domingo, 6 de março de 2011

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Um poema que deveria ser samba

Hoje um amigo merecia um samba,
E por falta de samba, fiz poesia
Sobre amizade, mulheres e boemia...
Essas coisas que há também no samba.

A amizade eu disse que era eterna,
Que venceríamos barreiras,
Lutas, grandes guerras inteiras
Apoiados na relação fraterna.

As mulheres eu disse que eram lindas,
Ainda que não fossem sempre nossas!
Acontece com a vida, acontece com a bossa
E com toda a poesia infinda.

Sobre a boemia eu não disse nada:
Hoje à noite a gente conversa,
Durante uma bela cervejada.