sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Amazônia: como foi? Como será? Pt 3

Falo muito do lugar onde vivo
Afinal, nada mais passa pelo meu crivo!
Quem escolheu o tema de falar de terras onde não habito?
Um sábio não foi, apito.

Dizem que no além-rio há festas que cortam a noite
Reza a lenda, em Parintins, a noite não é escura:
É cheia de luzes, bonecos, bebidas... Nenhum açoite.
E as mulheres? Que tortura!

Atrações provincianas como essa existem aos montes
Mas no momento lembro apenas das menos interessantes,
O vôo das araras, o pôr-do-sol no rio...

Ah sim! E as estrelas na imensidão negra do horizonte.
Como pude esquecer? Seria como não mencionar
O belo colar de diamantes que um pai fez a filha usar.

Amazônia: como foi? Como será? Pt 2

Como foi?
[não sei
Li muito pouco e desta história eu ainda não estudei.
Como será?
[talvez
Todos sabem: da nascente à foz, quem traça o curso do rio somos nós.

Sei apenas como é.

Sei que desde muito tempo as pessoas sentam em cadeiras de balanço
E tardam a se balançar para ver o tempo passar
E sobre o tempo conversar...
Sei que desde muito tempo a cidade vem crescendo
[para baixo, para cima, para um lado e para o outro...
E mesmo assim vivemos como no interior:
Conhecendo todos,
Sabendo de todos,
Discutindo de todos a vida, a morte e o amor.
Sei que desde sempre os olhares do mundo repousam sobre esta terra
E infelizmente os que aqui vivem pouco fazem para defendê-la.
Ao contrário: desmatam, sujam, mentem e roubam.
A pátria amada? Não amam.
Minha sorte é saber que o verdadeiro amazonense está aí
A trabalhar
A sofrer
A esperar.
Pois ainda temos o amanhã
E o amanhã será melhor.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Amazônia: como foi? como será? Pt 1

Dos altos da borracha aos tempos em que hoje se vive
São mais de cem anos dos quais poucos eu realmente tive
E ainda assim posso afirmar:
Já vi o espaço quando olhei para um rio que mais parecia mar;
Já li os passos de homens que foram à lua
Mas não encontro comparação quando vejo um caboclo andando sem esforço
Na mais quente das ruas.
Já ouvi histórias de pescador, taxista, seringueiro e repentista,
Nenhuma era mais verdade
Que a história cravada a ferro e pedra no coração da cidade.
E nessa cidade há história.
História de monarquia: ou governar por mais de vinte anos ainda é democracia?
História de redenção: do homem que para ajudar o povo foi buscar educação;
História de luxo: é do desgosto um gosto a semente e o fruto de quem planta ilusão para colher mais um milhão;
História de lixo: é a lata, é a água, é o plástico e o bicho.
História de honra.
Honra de quem faz, e quem faz por merecer.
Merecer a glória de ter construído um império de cinza e cinzas rodeado de vermelhos no verde.
Um império elegante, um império e vistoso. Que só não é mais bonito e mais ainda harmonioso pela falta de caráter de alguns “homens do povo”.
O povo, eu digo: está fadado ao sorriso. Pois nas entrelinhas do pranto está o riso e a esperança.
Afinal, como diria o homem: o amanhã será melhor.