domingo, 5 de maio de 2013

Ocaso

Deita-se o sol sobre o azul lençol do mar:
Dá a gaivota o seu sobrevoo terminal
Despede-se do horizonte e do calor
A despedida dá uma saudade, uma dor!
Mas amanhã há de novo, não faz mal
Faz bem demais o pôr-do-sol amar!

Soneto do Porto

Vejo-te como num sonho distante:
É nostalgia, vontade da tua brisa fria,
Do teu cheiro de mar e rio que inebria,
Do som do fado, do vinho, da ponte.

Tenho-te como um lar de outra vida
Onde tive mãe e pai, amigos, história
Lembro-me das tuas ruas e da tua glória
És do coração uma cidade querida

Certo dia visitarei a Ribeira, a Foz...
Tomarei um saboroso porto rubi
Eu e tu, Porto, a sós

Andarei nos Aliados, sentirei teu jeito
Da primeira vez, não sei por que parti!
Mas agora partirei satisfeito.

Esfinge

Decifro-te, ou me devoras, esfinge:
Mas és tão indecifrável!
Esta tua timidez, inquebrantável,
É quebra-cabeça complicado deveras...

Teu silêncio é brisa que arrebata:
No âmago de tua avassaladora ingenuidade,
Receio dizer-te, é verdade
Que reside a essência de minha insegurança.

Toco tua mão, infinita maciez
E, sem saber o que pensas,
Firo-me profundamente:

É sim, não, talvez...?
Não sei é acidente, ou se tu mesma tentas
Agredir-me tão fortemente a mente!