quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O enterro do sambista

Sapato lustrado, chapéu na cabeça e terno de linho!
Rodeado de coroas, de flores:
Era rei do samba, maestro de amores
Poeta da flor e trovador do espinho.

Jaz aqui nosso ilustre sambista,
Na pedra fria do fim da vida
Tão diferente da nossa avenida!
Não vai mais sambar na pista...

Chora, cuíca!
Chora, cavaco!
Chora, pandeiro!

De corpo e alma arrebentados
Chorai, ó samba, teu canto derradeiro:
Morreu nosso sambista primeiro
O mais querido e bem amado!


Existência breve

O sopro da vida de repente se esvai
A alma finda a existência
Encerra-se tristemente a vivência
De uma vida tão breve, ai! 

Deixa-se de simplesmente ser:
Estudante, filho, amigo
Inexiste a noção de novo ou antigo
Resta somente o não-ser

Acaba o "teria sido":
Advogado, médico, engenheiro
O futuro queda-se perdido!

Não importa mais dinheiro
Somente o choro leve
De um fim de existência breve.