terça-feira, 30 de novembro de 2010

Paz

Se você não está em paz consigo, certamente é porque está em paz com o resto do mundo.

Raimundo Correia que me desculpe, mas...

Vai-se a primeira arara despertada...
Uma após a outra, sem pausa vão elas
Ao final da tarde, eternamente belas,
As araras voam em voltas circuladas.

Ao passar de vagos minutos vazios,
Às matas elas calmamente voltam,
Tal qual os galhos das árvores chamam
À proteção dos ventos frios.

A saudade tem morada fixa no coração,
Como têm morada na floresta as araras.
E quando saem elas para voar de passeio,

Sai a saudade para fingir que não existe.
De repente volta ela ao coração
Como à mata voltam as araras.

Auto-retrato de dentro

É inútil saber minhas virtudes de cor
Fazer várias listas, mil vezes contá-las
Quando de fato, vida minha, tu me falas
E dizes que dos egoístas sou o pior

A palavra nas ruas é de que não presto:
Este poeta? Coitado, de nada vale!
E não digo que isso seja mero detalhe,
A presteza que existe em mim é sobra, resto.

Talvez, em um inerte coração distante,
Eu até tenha o tal do mísero valor,
Mas para que perder meu tempo me explicando?

Para todos os efeitos e meus defeitos,
Tanto para meus prazeres, meus dissabores,
Eu sou só um resultado de minha dor.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Um tratado sobre amizade

Preâmbulo

Todo homem é feito de sonhos, desejos e ilusões:
E toda ilusão voa como pássaro no interminável horizonte.
Uma andorinha não faz verão:
E todas as andorinhas voam, como voam os sonhos,
Como voam os homens e as mulheres
Como devem voar juntos os amigos.


Art. 1°
Todos os nossos sonhos deverão coincidir:
Amores, profissões e hobbies diversos
Jamais dispensarão um telefonema no fim da tarde.


Art. 2°
Às nossas cabeças nunca faltará um ombro para o pranto;
Às nossas mãos sempre estará dada uma outra mão amiga,
E ao nosso coração serão imprescindíveis perdão e desculpas.

Parágrafo único: O riso não poderá deixar de ser compartilhado, assim como a angústia.


Art. 3°
Ainda que nossas vidas tomem rumos diferentes,
Fica proibido qualquer tipo de estranheza com o passar dos anos.


Art. 4°
Fica estabelecida uma punição de mil abraços e sorrisos
Àquele que se esquecer das velhas histórias e piadas.


Art. 5°
Fica terminantemente permitido que nossos filhos sejam amigos,
Que nossos netos se casem
E que vivamos para sempre em suas memórias.

Parágrafo único: Fiquem longe de nossas irmãs!


Art. 6°
Fica decretada ilegal qualquer festa na ausência de um de nós,
Assim como nosso time não joga incompleto.
(Caso contrário o jogo não é bom)


Art. 7°
A partir deste tratado,
Ratifica-se a amizade como chama inapagável
O amor como um mal incurável
E a vida como uma louca aventura em que nos metemos juntos.

(Qualquer semelhança com o Estatuto do Homem, de Thiago de Mello, é mera coincidência)