quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Só Em Caso de Incêndio

As intimidantes labaredas de fogo cuspiam toda a sua ira pelos ares daquela vizinhança onde havia, há poucas horas, uma bela residência. A estrutura de madeira gritava por socorro em um irritante farfalhar que parecia ser um réquiem para o homem que ali morava. Homem não mais; apenas a desesperada carne consumida por calor... Algo que virá a se tornar um frio vaso de cinzas.
O espetáculo das ardentes chamas reluzia em fascinados olhos à espera de qualquer ato final que envolvesse a aflição do homem e a fúria do ardor que tudo suprimia; a fumaça cinzenta dali proveniente pincelava o negro céu com estúpidos tons de agonia e soprava uma baforada que desencadeava sinfonias de tosse regadas à lagrima.
Não havia lágrima suficiente para apagar brasa, angústia ou raiva.
Não havia ombro o bastante para enxugar tanto choro.

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